quarta-feira, 26 de março de 2008

Hoje

Hoje pensei que te ia perder… Para sempre.

Fiquei tão assustada. Por momento senti-me desorientada. E foi então que percebi o quão importante és para mim.

Deixei tudo de lado… As brigas, as intrigas, as invejas… Tudo aquilo que passámos até conseguirmos ter paz. Só pensava no teu sorriso… A maneira como ris quando eu digo coisas parvas… Pensei ‘E se isso nunca mais acontecer? E se nunca mais te puder ouvir? E se nunca mais te puder dizer que te adoro, que és tão importante para mim, que só te quero junto a mim?’

Conheces-me tão bem. Sabes que eu não me entrego facilmente às pessoas. Ainda mais contigo. Sempre tive de pé atrás, nunca te escondi isso. Mas a partir de hoje nada mais importa. Saber que quando, finalmente, falaste, as tuas primeiras palavras foram para mim, deixaram-me tão… Desculpa, não encontro a palavra.
Cada segundo deste dia desejei passá-lo contigo, ainda com mais vontade que nos outros dias.

Sei que és forte, sei que vais conseguir ultrapassar (mais) este obstáculo. Eu estou aqui... À espera de ver esse sorriso outra vez.
Estou orgulhosa de ti.




«I don't wanna wait until the storm
There's something wrong
And now you're gone
And I can't find ya
I wanna tell you something

Give you something
Show you in so many ways
Cuz it would all mean nothing
If I don't say something
Before it all goes away
Don't wanna wait to bring you flowers

Waste another hour
Let alone another day

I'm gonna tell you something
Show you something
Won't wait 'till it's too late»

sexta-feira, 14 de março de 2008

Vem sentar-te comigo, Lídia

Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos.)

Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
Mais longe que os deuses.

Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
E sem desassossegos grandes.

Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,
Nem invejas que dão movimento demais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,
E sempre iria ter ao mar.

Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o.

Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as
No colo, e que o seu perfume suavize o momento -
Este momento em que sossegadamente não cremos em nada,
Pagãos inocentes da decadência.

Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-as de mim depois
Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,
Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos
Nem fomos mais do que crianças.

E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio,
Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti.
Ser-me-às suave à memória lembrando-te assim - à beira-rio,
Pagã triste e com flores no regaço.

Ricardo Reis



«
Life perfect ain't perfect if you don't know what the struggle's for.
Falling down ain't falling down if you don't cry when you hit the floor.
It's called the past, cause I'm getting past
And I ain't nothing like I was before.»